DIA DO ORGULHO LGBTQIA+: O PAPEL DAS MARCAS NA VISIBILIDADE E NORMALIZAÇÃO

Diversidade e inclusão entraram de forma definitiva para o dicionário empresarial e os termos ficam ainda mais evidentes quando nos aproximamos de datas que celebram minorias da nossa sociedade, como Dia Internacional da Mulher, Dia da Consciência Negra e a que se destaca hoje: Dia do Orgulho LGBTQIA+.

No entanto, apesar de tanta evidência, será que as ações das marcas estão realmente focando no que importa para promover a diversidade e a inclusão ou seguem ainda presas na famosa troca de cores do seu logo para comemorar?

Ciclo da exclusão

Um estudo feito em parceria pelo Google e a Box 1824 que recrutou entrevistadores de dentro e de fora da comunidade LGBTQIA+, com e sem “lugar de fala” (ou seja, “propriedade e vivência”), conseguiu sintetizar o ciclo de exclusão que essa comunidade muitas vezes é vítima. 

Em geral, ele inicia na família, com a não aceitação, a exclusão e a violência. Isso impacta diretamente sua assiduidade escolar, que também é afetada pelos episódios de bullying – gerando uma alta evasão escolar. Essa falta de acolhimento se reflete no acesso à educação e, como em um efeito dominó, limita as oportunidades no mercado de trabalho.

Ao redor de tudo isso temos a falta de representatividade política e, consequentemente, direitos básicos necessários acabam não sendo pautados – alimentando ainda mais a vulnerabilidade desta população.

Visibilidade

As redes sociais por si só passaram a dar mais visibilidade para a comunidade LGBTQIA+. No YouTube, por exemplo, encontramos por volta de 5 milhões de vídeos com conteúdos que se relacionam à esta parcela da população a partir da ótica de criadores que mostram suas realidades e sensibilizam as pessoas sobre este ciclo da exclusão.

Ancoradas nisso, e também em outros elementos motivadores – como o fato de as pessoas consumirem mais de empresas com propósito – as marcas passaram a trabalhar ações de oportunidade, em geral, relacionadas ao dia 28 de junho e sem ter no pano de fundo a que deveria ser sua preocupação principal: a construção de um ciclo de inclusão que ajude a acabar com o ciclo atual da exclusão.

Ciclo da inclusão e normalização: super poderes básicos da comunicação

Falando sob a ótica empresarial, considerar a diversidade na essência da palavra traz para as marcas muito mais benefícios do que um olhar raso para a comunidade LGBTQIA+ enquanto consumidor. 

Isso passa pela construção de um ciclo de inclusão que é urgente, com ações como empregar pessoas da comunidade e ter uma equipe diversa efetivamente discutindo e criando ações e conexões mais empáticas; investir em capacitação; garantir direitos e reconhecimento igual aos oferecidos para colaboradores e famílias cis e hétero. Entre tantas outras que fazem com que seu benefício não seja imediato, mas sim uma construção de médio prazo.

Mas tem algo que a sua marca já pode fazer hoje: normalização.

A publicidade molda comportamentos e muito contribui para novas visões do mundo, incluindo o entendimento do que é “normal”. Isso está ligado a quebrar barreiras e preconceitos ao normalizar de forma contínua a comunidade LGBTQIA+ de forma que nem tenha que, necessariamente, falar sobre isso enquanto uma bandeira. 

E com o universo digital à disposição das marcas, isso se torna mandatório enquanto parte da construção do ciclo da inclusão, gera ainda mais valor na identificação com esta parcela da população enquanto consumidora e, ao mesmo tempo, passa pelo despertar da audiência geral para o fato de que uma pessoa LGBTQIA+ nada mais é do que uma pessoa. Simples. Normal.

Quer um exemplo? Os criadores de conteúdo hoje fazem parte da maior parte das estratégias de comunicação das marcas, de forma paga ou orgânica. Na hora de escolher quem vai transmitir sua mensagem, lembre-se de um mandamento: o público LGBTQIA+ é diverso e multifacetado. 

Ele não deve ser considerado apenas quando o tema é diversidade. Independentemente se a sua campanha é sobre jogos, viagens, beleza ou qualquer outra área, as pessoas LGBTQIA+ estão envolvidas, consomem e têm interesse em diversos campos. A verdadeira representatividade precisa partir dessa premissa e também deve abranger as diferentes classes sociais, raças, identidades de gênero e orientações sexuais presentes na comunidade, com o objetivo de garantir a visibilidade do maior número possível de experiências de vida.

É com pequenas ações todos os dias que a comunidade LGBTQIA+ deixa de ser tema para fazer parte e ser livre para apenas ser.